quinta-feira, maio 27, 2004

Férias

"A areia ardia. À frente das cabanas estendiam-se toldos sob o cintilante azul-prateado do éter, e na sombra dos nítidos contornos assim formados, passavam-se as horas matinais. Mas também a noite era magnífica, quando as plantas do jardim exalavam o seu odor balsâmico, as estrelas faziam a sua dança de roda e o murmúrio do mar, coberto de trevas, segredava à alma. Tal noite continha em si a alegre promessa de um novo dia de sol preenchido pelo lazer suavemente ordenado e enfeitado por inúmeras possibilidades de agradáveis acasos"
A Morte Em Veneza


E porquê é que este gajo está com esta conversa toda, pergunta o leitor.
Porque vou de férias uma semana.
Adeus, até ao meu regresso. :)

É nossa!!!



É uma alegria imensa. Indescritível. Incalculável.
Somos os novos CAMPEÕES DA EUROPA. :)

terça-feira, maio 25, 2004

Agenda

(ctrl+c / ctrl+v)

PEDRO TUDELA & AGF (Concerto)
*****************************
Serralves 29 MAI, 22h00
Este é um encontro inédito entre Pedro Tudela, uma presença constante no panorama nacional da música electrónica e multimédia da última década, quer nos trabalhos individuais, quer com colectivos como os mute life dept. [MLd] ou o trio de "laptops" @c, e Antye Greie Fuchs, conhecida como membro dos Laub, bem como pelas colaborações com Craig Armstrong e Vladislav Delay. No projecto AGF, Greie reune a arte e a tecnologia para reordenar os restos e vestígios de uma "e-poesia" e explorar os processos de edição e novas relações entre a linguagem e a canção.

Mais informações:
http://www.serralves.pt
serralves@serralves.pt
http://www.serralves.com/p/aleph/ficha?lis...tiv_presente+81
http://www.serralves.com/p/aleph/ficha?lis...es_presente+124
http://www.virose.pt/tudela/

*****************************
De AGF, conheço 'Head Slash Bauch', disco que acabei por vender, já nem sei porquê.
(Provavelmente porque não gostava.)
Fontes de confiança já me garantiram que o posterior 'Language is the Most' era bem melhor. Esse ainda não ouvi.
Mesmo assim, palpita-me que será um concerto a não perder.

Discos que mudaram a minha vida #10



Biosphere . Substrata | Man With A Movie Camera
Tracks:
CDOne - Substrata
1.As The Sun Kissed The Horizon
2.Poa Alpina
3.Chukhung
4.The Things I Tell You
5.Times When I Know You'll Be Sad
6.Hyperborea
7.Kobresia
8.Antennaria
9.Uva-Ursi
10.Sphere of No-Form
11.Silene

CDTwo - A Man with a Movie Camera
1.Prologue
2.The Silent Orchestra
3.City Wakes Up
4.Freeze-Frames
5.Manicure
6.The Club
7.Ballerina
Bonus tracks:
8.The Eye of the Cyclone
9.Endurium

All tracks written and produced by Geir Jenssen

Released: 1998

Notes:
Touch # TO:50
DCD - 55:20/53:32

Biosphere's 2nd CD for Touch after Cirque [Touch # TO:46, 2000] is a double CD
in digipac designed by Jon Wozencroft.

CDOne - Substrata
Originally released in 1997 on All Saints Records, this remastered version of Substrata contains 11 tracks with a total length of 55:20. "...by many (the undersigned included) considered to be the finest ambient album of the 1990s" [Motion/State 51], and "Three years after its release, BIOSPHERE's 'Substrata' is already being recognised as one of the all time greats of deep electronica." [Top Magazine]

CDTwo - Man with a Movie Camera
contains 9 tracks, total length 53:32. The first 7 tracks consist of the soundtrack
to "Man with a Movie Camera" [Vertov, 1926, USSR], originally commissioned for the Tromsø International Film Festival in 1996, released here for the first time. The last
2 tracks, Endurium and The End of the Cyclone, were originally released on the limited edition Japanese version of Substrata in 1997 - they have never before been released outside Japan.

Review:
'Substrata' has quietly garnered a reputation as one of the last decade's notable Ambient recordings, and while this remastering does not diverge radically from the 1997 edition on All Saints - edges are softened, balance gently tweaked - having the excuse to listen to it anew reveals a logic often obscured by its subaquatic haze. Steeped in echo, 'Substrata' uses a healthy dose of ambient noise (airplane buzz, street sounds, bird calls) to flesh out its liquid lyricism; it treads the line between music and sound, but errs just on this side of music, returning again and again to deep, resonant melodies. But elsewhere Biosphere's temporal suspension, via cycling arpeggios and long, blurred sustain, updates classic Ambient music's indeterminacy with string laden pastoralism. Of the two bonus tracks included from the original Japanese edition, 'Eardurium', which revolves uneasily around a single focal point, shows Geir Jenssen at his most hypnotic, applying the trappings of Techno (metallic, repetative beats, four bar chord progressions) to an Ambient sound palette that slips mercurially into less recognisable terrain. The second CD features Biosphere's 1996 soundtrack (co-produced with Mental Overdrive's Per Martinsen) for Dziga Vertov's 1929 silent film, 'Man With A Movie Camera'. Like 'Substrata', with which it shares samples, the score makes generous use of field recordings, but it's more ominous and less melodic. When played along with a video of the film, it makes for a curious accompaniment, pitting Biosphere's mellifluous drones against Vertov's choppy montage. What's fascinating, in pairing the two, is the realisation that music so rarely has approximated cinematic syntax; it's disappointing then, that Biosphere's soundtrack doesn't hew to the language of cinema more closely. After Vertov's delicate tightrope walk between representation and non-representation, you wish for something less patently musical, and more like Chris Watson's field recordings. Of course, a jerry-rigged home viewing is bound to produce some fortuitous moments, entirely unplanned (and unrepeatable) given the difficulty of cuing the tracks precisely. Otherwise Biosphere's thousand league ambiance has always been too fluid to mimic Vertov's disjointed sequences. [Philip Sherburne]
The Wire, UK

Mais críticas em bulletin.touchmusic.org.uk


Geir Jenssen, conhecido como Biosphere, apresentou-se no final de 2001 para um concerto na cidade do Porto. As expectativas em assistir a um concerto onde a componente multimédia, combinada com a música etérea do norueguês, conduziria o ouvinte a um inevitável estado de sonho, eram justificadas pelos relatos que chegavam de actuações recentes de Biosphere em Londres mas, passados quase três anos, a memória dessa noite resume-se a um individuo sentado a uma mesa de café, a mexericar num laptop com tendências para bloquear, oferecendo ao muito público presente no Auditório de Serralves um espectáculo visual pobre que se resumia a um monótono jogo de luzes. Resultado, aos 10 minutos de performance já apetecia estar noutro sítio qualquer e o discreto bocejo convertia-se num sono quase profundo ... zzzz. Porém, é em disco que a música de Biosphere ganha contornos mágicos através de suaves sons hipnóticos, insinuando atmosferas abstractas e ambientes misteriosos, afinal tudo aquilo que faltou na famigerada apresentação ao vivo.
Editado em 2001, 'Substrata 2' é a versão remasterizada do álbum homónimo originalmente lançado em 1997 e inclui, como bónus, a banda sonora que Geir Jenssen criou para 'Man With a Movie Camera', clássico do cinema mudo e percursor do documentário, realizado pelo russo Dziga Vertov em 1926 e instrumentado por meio mundo, dos Cinematic Orchestra aos In The Nursery. 'Substrata' - chamemos-lhe assim, para simplificar - é um disco onde a electrónica tranquila, conjugada com a utilização de instrumentos acústicos, ecos de guitarras e ocasionais baixos em loop, fornecem a base melódica que gradualmente é complementada por um conjunto de sons - vento, água, chuva, pássaros, ramos a estalar, sinistras sirenes de navios, orquestras em fuga - e estranhos samples vocais - programas de rádio dos anos 50, diálogos numa língua desconhecida, cantigas filtradas por um gramofone - que acrescentam aos temas uma dimensão nocturna, distante, fria e desconfortável. Por outro lado, momentos como 'Poa Alpina', 'Hyperborea', 'Kobresia' ou 'Silene' parecem ser narrativas sonoras deslumbrantes das paisagens do norte da Noruega e fazem com que ouvir 'Substrata' seja uma experiência tão intrigante e inesquecível como assistir à claridade que precede o nascer do dia por entre os vidros gelados de uma casa algures no Círculo Polar Ártico. Por tudo isso 'Substrata + Man With A Movie Camera' é um disco fundamental e é, como refere Philip Sherburne, um dos mais notáveis discos ambientais da última década.

domingo, maio 23, 2004

Agenda

Estão confirmadas as datas para os concertos de Lhasa em Portugal:

Dia 7 de Julho - Lisboa - Forum Lisboa - Entidade promotora: EGEAC

Dia 8 de Julho - Coimbra - Teatro Académico Gil Vicente - Entidade promotora: TAGV

Dia 9 de Julho - Aveiro - Teatro Aveirense - Entidade promotora: TA

Dia 10 de Julho - Porto - Jardins do Palácio de Cristal - Entidade promotora: Culturporto

Este disco ...

é muito bom.
E o sítio do concerto, aqui no Porto, é perfeito.
Lembro-me de lá ter visto, noutras noites amenas de Verão, concertos de Vinicius Cantuária e da Fanfare Ciocarlia.
Isto para não falar em alguns serões de cinema ao ar livre na Concha Acústica.

sábado, maio 22, 2004

Caixa do Correio

From: kimica
Sent: Fri, 21 May 2004 19:25:34
To: caixa_do_correio@amaisb.pt
Subject: Gala Nova Gente @ Discoteca QB Almeirim

e - m a i l + i n f o

evento : Gala Nova Gente
local : discoteca QB@Almeirim
data : 22-05-2004
hora : 23.00h
actuação de : dj Miggs
infomail : info@kimica.net
obsv : entrada só para convidados
apoios : kimica.net

.
.
Está dado o recado.

sexta-feira, maio 21, 2004

Paul Kalkbrenner . Self



Kalkbrenner es uno más de esos jóvenes creadores que han encontrado en la música de baile una fuente de expresión adecuada a sus necesidades artísticas. Estudió trompeta y teoría de la música, conocimientos que no sabemos si le sirvió en algo a la hora de facturar un techno que aprovecha hasta los acordeones para conseguir un groove adictivo que obliga escuchar el disco una y otra vez, pero que seguro le empujaron a rastrear nuevas fuentes creativas con el techno homemade como recurso más inmediato.
em www.clubbingspain.com


Terceiro disco do alemão Paul Kalkbrenner - e a sua estreia na editora Bpitch Control - 'Self' revela uma predisposição para explorar as fronteiras da tradicional cadência 4/4, tendo como base a construção rítmica do techno mas evitando os padrões pré-determinados do género. A opção em não manter uma sequência ritmica repetida a intervalos regulares assemelha 'Self' a uma espécie de esfera cintilante, que não se altera na forma, mas cujos padrões de cores dominantes se vão modificando conforme a hora do dia e a respectiva exposição à luz do sol. (Hummm ... esfera cintilante? Sim senhor)
Quatro temas muito fortes ('Castanets', a deslumbrante 'Since 77', 'Marbles' e 'Dokyard'), breves interlúdios tocados ao acordeão e uma atmosfera geral de sofisticação melódica tornam 'Self' um disco agradável. Mas uma infeliz opção por ambientes mais cheesy nas últimas faixas impede que se possa falar num disco de audição obrigatória.

quinta-feira, maio 20, 2004

Alter Ego . Transphormer



Os Alter Ego são uma dupla alemã, composta por Roman Fluegel e Joern Elling Wuttke, também conhecidos pelo pseudónimo Acid Jesus. Com uma discografia imensa - dividida entre trabalhos de remistura, vários maxis e diversos projectos individuais - e mais de dez anos de carreira, editam 'Transphormer' pela editora Klang, da qual são co-fundadores. Este disco revela-se um exemplar de techno-electrophunk minimalista, esfuziante nos cinco momentos abaixo referidos, ocasionalmente com influências da música industrial e com uma agressividade seca, caracteristica das dancefloors do centro da Europa.
A imagem de uma banda de metal numa pista de dança não anda longe da verdade. Mas, ainda assim, prefiro imaginar coisas que não me façam lembrar os AC/DC on acids. Como, por exemplo, 'Yoseph' de Luke Vibert. Do qual 'Transphormer', por vezes, parece ser o mais rebelde primo afastado.
.
Highligths:
3.Beat The Bush
5.Vincent Van Dance
7.Nasty Dollars
8.Satanic Circus
10.Transphormer
.
Discografia:
www.discogs.com

Morreu Elvin Jones

Elvin Jones, whose explosive drumming powered the John Coltrane Quartet, the most influential and controversial jazz ensemble of the 1960's, died yesterday in Manhattan. He was 76 and lived in Manhattan and Nagasaki, Japan.



There's Elvin Jones, and then there's all the other drummers...

.
.
www.drummerworld.com

#8
- Desde 2000 que estávamos a enviar demos para todo o lado e ... nada. Chegámos mesmo a ter uma reunião com o Gilles Peterson, na altura da Talkin' Lound, que disse gostar imenso do que ouvira mas, no final da reunião, virou-se para nós e afirmou: «Continuem com o bom trabalho». E nunca mais ouvimos nada dele(risos).
Gabriel Olegavitch dos Spektrum, a propósito das várias recusas que tiveram para editar o seu álbum, em entrevista que saiu esta semana no Blitz.

...
História curiosa.
O Gilles Peterson é uma daquelas personagens que eu, simultaneamente, admiro e invejo. Admiro o seu trabalho de divulgação. E invejo a sua colecção de discos.
Gilles vai estar no dia 11 de Junho no bar Trintaeum, aqui no Porto, a tocar a música que gosta.

Tarefas pendentes
Confesso que não tenho tido muito tempo para ouvir discos novos e que, quando essa disponibilidade de tempo existe, acabo por preferir a segurança de um disco conhecido à excitação de ouvir algo completamente novo. Nas últimas semanas acumularam-se em cima da ... mmm ... secretária do ... erm... meu gabinete (ler: chão da sala) os novos discos de Automato, Kanye West, Erlend Oye, Alter Ego, Boom Bip, Busdriver, Carl Hancock Rux, Espers, Ghostface, Mugison, Karl Kalkbrenner, Sun Kil Moon, Vast Aire e Wiley. A maior parte nem ouvi. Outros ouvi de passagem e com pouca atenção.
O provável é que, mais tarde ou mais cedo, apareçam por aqui umas breves linhas sobre os objectos em questão.
Acredito que vocês nem aguentem, tal seja a expectativa. :>

quarta-feira, maio 19, 2004

Dezoito de Maio de 2004
Faz hoje vinte e quatro anos que Ian Curtis se suicidou. Em casa dos seus pais, diz a lenda. A ouvir o 'The Idiot' de Iggy Pop, acrescenta. Depois de ter visto um filme de Werner Herzog, pormenoriza. Já é tarde e não me recordo que filme era.
Nestes alturas pergunto-me sempre o que é que Ian andaria a fazer se ainda estivesse 'entre nós'. Se seria o ícone que é para muita gente - onde me incluo - ou se teríamos por ele aquele tipo de respeito e admiração que dedicamos a personagens como, exemplo ao acaso, o Mick Hucknall.
Desconfio que hoje nem vou dormir, a pensar nesta questão.

Discos que mudaram a minha vida #9



Murcof . Martes
Tracks:
1.Memoria - 5:53
2.Marmol - 5:29
3.Maiz - 6:06
4.Mo - 4:27
5.Mes - 5:51
6.Mapa - 5:40
7.Mir - 6:41
8.Muim - 6:52
9.Unison - 4:53

Produced, mixed and composed by Fernando Corona

Release: 2002

Site: www.murcof.com

Interview:
Can you tell us about who you are and what is your background?
Edmundo Fernando Corona Murillo, born in Tijuana, Baja California, Mexico on july 26th 1970. I lived most of my life in Ensenada which is a small port about 100 miles south of Tijuana down the Baja peninsula, I also lived a couple of years in San Diego and attended primary school there, that’s how I learnt English. I studied to become Technician in Analysis and Systems Programming in Ensenada but never went to work as a DJ with my own mobile DJ system back in the 80’s and later, I got a slot at a club in Ensenada which sucked and still does. Before that I worked as a warehouse manager for my uncle Eduardo. And from the early 90’s up until a couple of years ago, I worked for a nursing agency in San Diego with mostly elderly patients with terminal illnesses. I now dedicate myself only to making music.
em www.themilkfactory.co.uk
Ler mais ...


Numa época em que a aproximação estética prolífera e o advento de sucessivas novas correntes no campo da electrónica sacrifica a individualidade de cada músico e onde é mais cómodo assumir semelhanças com outros companheiros de percurso do que criar, inovar, modificar fórmulas e baralhar conceitos, Murcof é claramente uma excepção. Por outro lado, na busca incansável de revelar ecletismo - mas onde, tantas vezes, a diversidade apenas esconde uma irremediável falta de ideias - cada vez se tornam mais raros os casos em que um músico cria um conceito estético original e explora uma obra, de forma coerente, a partir desse conceito base. 'Martes' é um desses casos.
A fotografia da capa - tirada no México, num local desértico alegadamente visitado por actividade extra-terreste - começa logo por sugerir a superfície árida de um planeta distante e o desolador silêncio de uma natureza hostil. Raramente uma capa terá revelado tanto sobre o conteúdo de um disco. A conjugação das orquestrações neo-clássicas - Fernando Corona confessou em várias entrevistas ser fanático pela obra de compositores como Arvo Pärt e Henryk Górecki - com a electrónica minimalista da escola alemã, insinua uma brisa gradual de mistério e desconforto que atravessa todo o disco. Orquestrações carregadas de dramatismo, violinos em suspenso, pianos que prenunciam um ambiente de tensão, as batidas fragmentadas e novamente desfragmentadas do micro-house e uma superior técnica de manuseamento de silêncios e espaços, direccionam o ouvinte para uma espécie de catarse emocional que tem o seu epílogo em músicas de uma beleza tão trágica quanto desarmante, como 'Mes', 'Memoria' ou o superlativo 'Muim'. 'Martes' é um disco simultaneamente clássico e futurista, melancólico e iluminado, introspectivo e maquinal, onde, por uma vez, a parte emocional não foi sacrificada por uma mera demonstração de técnica.
No último segundo, uma nota solitária de piano resgata o ouvinte do estado de lassidão onírica em que havia mergulhado. E, enquanto recupera os sentidos, 'Martes' revelou-se uma experiência sublime e sinistra em medidas aproximadamente iguais.

sábado, maio 15, 2004

Kubik, ao vivo
Local: Mercedes, Porto
Hora: 22 horas. Mais hora, menos hora. :)
Pretexto: A edição da compilação 'Divergências.com'

Acompanhado apenas por um microfone e uma guitarra, sob uma base instrumental pré-gravada, Victor Afonso - aka Kubik - apresentou a sua visão particular da música, feita à base de um rigoroso trabalho de costura de múltiplas referências, que vão desde o universo das bandas sonoras de Bernard Herrmann, à música de desenhos animados da orquestra de André Popp, do d'n'b visceral de Squarepusher ao rock militante de Mike Patton, da música concreta de Iannis Xenakis à electrónica lúdica de Oleg Kostrow. (falar em 'música do mundo', em 'techno' ou em 'surf-music' também não viria a despropósito.)
Pouco mais de meia-hora depois, duas versões para os temas mais fortes do seu álbum de estreia ('Krautblues' e 'Space & Time: Proko', onde Whitman convive com os Capuletos de Prokofiev) e após ter tocado alguns temas que suponho venham a fazer parte do seu próximo disco (a editar ainda este ano) Kubik despediu-se com (uma versão da) remistura de 'Who Am I?' feita pela Stealing Orchestra, num instrumental delirante para jogos de vídeo anacrónicos.
Um concerto curto de um músico único em Portugal e que não merecia o pouco público que apareceu ontem à noite no Mercedes, num dos seus raros concertos na cidade.
Agora venha a primeira parte do concerto de Fantômas.

Bloco de notas:
Kubik
apatia.blogspot.com
bodyspace.net

sexta-feira, maio 14, 2004

The Streets . A Grand Doesn't Come For Free



every now and again, the figure of the mythical 'urban poet' is jogged from a cosy slumber in the middle-class music journalist's subconscious. mike skinner's debut sparked such an awakening by adapting contemporary uk dance music techniques and giving them an original narrative thrust. this second effort is all word and no play, suffering from some complacent production/composition throughout. the beats are flat, the choruses are flat, the melodies are flat, nothing really pleases the ear here.
in the midst of such a deficient set of compositions, the narrative really comes to the fore, delivered in skinner's trademark domestic tone. in diction and lyric he's as original as we've come to expect, and you've got to applaud the blunt artistic vision of the man - his faith in narrative reaching literary proportions here. the story's a familiar one of ennui, mid-nineties slackerdom, unreturned dvd's, broken tv's and a relationship. with a girl. by familiar i mean boring, not a revelatory transformation of the quotidian. the latter's far too poncey for mr. skinner.
i won't be coming back to this much. but props to the man's uncompromising stance. next.
em absorb.org


É uma opinião que subscrevo. Com reservas.
A música dos The Streets está naquela fronteira entre algo que não sendo banal também não chega a ser propriamente excêntrico. O talento de Skinner leva-o a conquistar a admiração simultânea do grande público e a confiança exigente, mas plena de convicção dos mais críticos. Algo apenas possível quando há uma forte afinidade entre o destino individual do autor e o destino colectivo do público que o ouve. Um sentimento inexplicável, seguindo um raciocínio lógico, mas que se pode traduzir numa palavra: empatia. A compreensão das classes desprotegidas, dos que trabalham no limite da exaustão, dos sobrecarregados, dos arruinados, dos cansados, dos que já desistiram, dos que nunca desistem. Dos que emborcam alcool num café manhoso, na companhia dos amigos inseparáveis e sonham com farra e férias. Ou dos que atingem a felicidade na solidão caseira, acompanhados por uma televisão, um dvd e um pack de cervejas, na mesma noite em que a namorada lhes deu com os pés, após a enésima reconciliação falhada.
'A Grand Doesn't Come For Free' não é um disco inovador, nem a produção é particularmente notável - como é, por exemplo, o grime/garage u.k. electrizante de 'Boy In Da Corner' de Dizzee Rascal. Episodicamente chega a ser monótono. Pode-se sempre argumentar que Skinner é apenas um razoável poeta (ou um narrador do quotidiano) com um monocórdico sotaque geezer e uma tendência para a auto-vitimização falsamente profunda. Que a melancolia egocêntrica de um puto suburbano pode ser superficial. Que o que se excede em vontade, acção e paixão, escasseia na maturidade sabedora de que são feitos os mestres.
Mas 'A Grand Doesn't Come For Free' é um daqueles objectos que moiem e remoiem no nosso inconsciente mais obscuro. Até que, sem darmos conta, passou a fazer parte do nosso dia-a-dia, já começamos a entoar os refrões na cozinha e, mesmo havendo razões mais do que suficientes para arrumar no canto dos hypes facilmente negligenciáveis, acaba por nos parecer - nem que seja apenas uma vez, nem que seja apenas num exacto momento, naquele exacto momento - fundamental. Genuíno. Honesto. Familiar. E a verdade é que, de repente, não me lembro de muitos discos assim.

the-streets.co.uk

nota: as partes a cinzento claro correspondem a excertos do livro 'A Morte Em Veneza' de Thomas Mann.

Television, Scanner, Mouse on Mars e Trevor Jackson em Serralves
Podem ler a notícia completa aqui.

quinta-feira, maio 13, 2004

The Soul of Minit Records




The Minit record label was home to New Orleans doo-wop and R&B from 1958-1963, during this time the label spawned hits from legendary producer Allen Toussaint and stable mates Ernie K-Doe. After the Minit's distributor was sold to Liberty records, it wasn't until three years later that the Minit label was re-launched (bringing us to the late 60's). This collection of songs highlight the bubbling talent of soul, funk and jazz which inspired some of the most influential gospel-tinged pop of the generation.
em soundgenerator.com


Na sombra de editoras como a Stax ou a Sue, a Minit foi uma das mais importantes editoras das décadas de 50 e 60. Esta compilação representa a segunda fase da Minit, correspondente ao final dos anos sessenta, altura em que (numa explicação muito simplificada) o R'n'B, com a introdução de instrumentos mais modernos como a guitarra eléctrica e os teclados, se modificou natural e progressivamente, até se tornar naquilo que hoje conhecemos como soul music.
O disco arranca em grande estilo, com um daqueles temas insidiosos, que toda a gente reconhece mas ninguém sabe propriamente donde, chamado 'Shing a Ling' cantado pela voz jovial de Clydie King. Prossegue com algumas killer dancefloor tracks com guitarra funky-wobbly, bateria desenfreada e metais em fogo, de grupos como os Persuasions ou Gene Dozier and the Brotherhood e artistas pouco conhecidos como Tina Britt, Jimmy Holiday ou Jimmy McCracklin ('I Had To Get With It' é mortal em qualquer pista de dança).
Como é habitual neste tipo de compilações alguns momentos são dispensáveis. Vernon Greene e a sua balada greasy, apropriadamente intitulada 'Am I Ever Gonna See My baby Again' - música capaz de fazer chorar o soalho de qualquer baile de finalistas - ou a dupla Ike And Tina Turner a cantar 'Come Together', um original que francamente já não era grande coisa, da dupla Lennon/McCartney.
O disco inclui igualmente duas músicas do disco de estreia de Bobby Womack, músico quase esquecido até que Quentin Tarantino se lembrou dele e escolheu 'Across 110th Street' como tema central da banda sonora do filme 'Jackie Brown'. 'Lillie Mae' e 'Somebody Special' são duas faixas fabulosas com a habitual voz enérgica, imagem de marca de Womack.
A leitura do booklet é indispensável como forma de contextualização e possibilidade de realizar alguns brilharetes no respectivo blog. Por exemplo, sabiam que Clydie King participou, como cantora de estúdio, em discos dos Rolling Stones e de Dean Martin?
Pois é. Eu também não sabia.

Caixa do Correio

From: "Matarroa"
Sent: Thu, 13 May 2004 00:43:20
To: caixa_do_correio@amaisb.pt
Subject: Fw: POSITIVA // NEWS !

(...)
DJ Skitz actua no Porto
O DJ Skitz, considerado o melhor produtor Hip hop do Reino Unido actuará no próximo Sábado, dia 15 de Maio na Discoteca Swing no Porto sendo o convidado internacional do evento comemorativo do 1º aniversário da editora portuguesa Matarroa.
Na mesma noite actuam também alguns dos artistas pertencente ao catágolo da Matarroa como é o caso do DJ Bezegol, Matozoo e XEG estando previstas as participações de alguns convidados
(...)

quarta-feira, maio 12, 2004

Bay Area Funk



"Definitely an impressive feat ... the highest quality in classic material." EXCLAIM
"Bay Area funk was defined by its heavy use of rock and blues inflected guitars, but as this superb compilation shows the music was as diverse as it was raw. Heavy music." STRAIGHT NO CHASER
"Impeccable selection as usual from the Ubiquity Camp." TURNTABLELAB.COM
"A killer! As revolutionary as the music and political climate was in the Bay Area in the late 60s and early 70s, it's damn near criminal that there haven't been more representative collections of the music -- enter Luv N Haight Records, who are here with the first ever comprehensive compilation of Bay Area funk and hard soul!" DUSTYGROOVE.COM


Editado no final do ano passado, só recentemente tive oportunidade de escutar os dezasseis clássicos funk e hard soul, gravados entre 1967-1976 e compilados - após vários anos de pesquisas e trabalho a contactar os artistas envolvidos e a negociar as respectivas licenças legais - pelos tune detectives Andrew Jervis e Michael McFadin para a mais do que recomendável editora Luv N' Haight.
A maior parte dos temas são originários da baía de San Francisco e tudo à volta (daí o nome), obtidos em 45 rotações virtualmente impossíveis de encontrar, representando uma selecção exemplar, que vai desde o boogaloo de Marvin Holmes até ao jazz-funk psicadélico de P-I-R Square (um daqueles temas que me traz fantasias eróticas com mulatas, sandálias douradas e cabeleiras afro), os funky blues dos Unforgettables (um blogueiro mais imaginativo trataria 'Sad Song' como "um inesquecível tema" dos Unforgettables) ou o r&b frenético da mítica cantora Sugar Pie DeSanto*.

(* na década de sessenta chegou a abrir os shows de James Brown e consta que, actualmente nos seus quase setenta anos de idade, ainda parte a louça toda em palco)

A história diz que o funk da Bay Area recebeu influências diversas conforme a área geográfica e a respectiva demografia, tendo-se dividido entre a zona de San Francisco (incluindo Palo Alto e San Jose) que juntou o rock e os ritmos latinos ao groove da soul, e a zona de Oakland mais sujeita a 'contaminações' do blues e do jazz.

and who cares?, pergunta o leitor.

Pois.

Click here...

terça-feira, maio 11, 2004

Richard Bartz . Midnight Man



Nascido em Munique, Bartz gravou 'Midnight Man' pela Gigolo, editora do seu compatriota e amigo DJ Hell. Adicionalmente ainda mantem a sua própria editora - Kurbel - e colabora regularmente com a Disko B ou a Kanzleramt. Da sua biografia constam igualmente participações nas famosas e quase míticas festas Ultraworld, gravações sob o pseudónimo de Acid Scout e actuações ao vivo em clubes como o Tresor ou o Stammheim.
O meu instinto diz-me que 'Midnight Man' oscila entre a recriação do lendário techno de Detroit revisto pelo toque inconfundível dos novos estetas germânicos e o electro mais nervoso, com sistemáticos picos de acção, que elevam os níveis de adrenalina ao máximo e servem como motor propulsor para dancefloors musculadas.
Mas também se ouve bem em casa. Onde estou neste preciso momento, com vista para as galinhas e para os patos da vizinhança camponesa, e onde uma das minhas gatas salta desesperadamente na tentativa frustrada de caçar uma mosca.

segunda-feira, maio 10, 2004

Agenda
(até que enfim) Boas notícias.
Alguns exemplares daquilo que a Wire baptizou como New Weird America (ver também acid hillbilly ou psychedelic folk), vão estar por cá no próximo mês de Junho.
Six Organs Of Admittance + Fursaxa
9 de Junho - O Meu Mercedes É Maior Que O Teu, Porto
10 de Junho - Galeria Zé dos Bois, Lisboa
No-Neck Blues Band
21 de Junho - O Meu Mercedes É Maior Que O Teu, Porto
22 de Junho - Galeria Zé dos Bois, Lisboa

Links:
+ sixorgansofadmittance.com
+ fursaxa.net
+ no.neck.blues.band.html

Clement 'Sir Coxsone' Dodd

O lendário produtor e fundador do Studio One, morreu no passado dia 4 de Maio, aos 72 anos de idade. Podem ler a biografia de uma das figuras mais influentes (e menos conhecidas) da história da música popular no Guardian.

A banda sonora para hoje só podia ser,

em forma de pequena homenagem.

domingo, maio 09, 2004

Discos que mudaram a minha vida #8



Amon Tobin . Permutation
Tracks:
1.Like Regular Chickens - 5:16
2.Bridge - 5:56
3.Reanimator - 6:34
4.Sordid - 7:11
5.Night Life - 6:29
6.Escape - 5:54
7.Switch - 3:49
8.People Like Frank - 6:04
9.Sultan Drops - 5:12
10.Fast Eddie - 7:38
11.Toys - 5:16
12.Nova - 4:42

All tracks written & produced by Amon Tobin

Released: 1998

Notes: Born in Rio de Janeiro, Amon Tobin moved to the U.K. in his early teens with a healthy appetite for all things hip hop, jazz, and blues. At 17 he began experimenting with equipment. At 19 he moved to Portugal to make a meager living as a street performer. At 21, his traveling bug satisfied, he returned to Brighton (on the South coast of England), sat down, and started formalizing the musical experience he had gained. The ensuing promotional tapes led to a deal with Ninebar that resulted in four 12-inches and the Adventures In Foam album, all under the name Cujo.
In '96 he signed to Ninja Tune under his real name. He released the Creatures EP in late '96 and followed it with the Chomp Samba EP and the Bricolage LP in '97. His love for jazz, funk, blues, and hip hop comes through clearly in his perfectly executed exotic noise explosions.
em www.epitonic.com


Em 'Bricolage', editado um ano antes, Amon Tobin tirava o drum’n’bass das pistas de dança e projectava-o rumo ao cosmos, enquanto punha os neurónios – e as pernas – do ouvinte a dançar ao ritmo de uma bola de pinball descontrolada. Não muito distante do seu álbum anterior, 'Permutation' é um disco mais conseguido, uma demonstração de maturidade de um estilo marcadamente pessoal e estabelece o marco definitivo numa carreira que tem progressivamente vindo a ganhar o reconhecimento de cada vez mais pessoas. Aqui, o produtor brasileiro sampla bandas sonoras de fábulas misteriosas, força os limites do breakbeat mais devastador, subverte o hip-hop e o jazz, baralha sons, tonalidades e ritmos, tecnologia obsoleta e emoções descontroladas, conduzindo o ouvinte a um estado de agitação quase alucinante em que mesmo nos momentos mais calmos - altura em que aparecem orquestras apaziguadoras e discretos ruídos mecânicos que se assemelham a resquícios e ecos duma estação espacial abandonada – fervilha de actividade e não dá descanso às células nervosas. Inquietante, perturbador, abrasivo, visionário, 'Permutation' é um disco fora de qualquer classificação conhecida, transportando-nos para um mundo místico, em que realidade, fantasia, energia e indolência se misturam num único espírito de instintos sobrenaturais. Que fascina mais do que assusta. Estava preparado o terreno para a revolução que 'Supermodified' traria dois anos depois.

Links:
+ amontobin.com
+ ninjatune.net

sábado, maio 08, 2004

Explosions In The Sky, ao vivo
Local: Blá Blá, Matosinhos
Hora: 23 H

Dinheiro mal gasto.
Saimos tarde de casa por causa de um jantar tardio.
Chegados ao Porto, apanhamos um trânsito absurdamente lento. Motivo: as intermináveis obras no nó de Francos.
Nas imediações do Blá Blá era impossível arranjar um lugar de estacionamento. Para piorar o cenário, tinhamo-nos esquecido que o recinto da Queima das Fitas era apenas a algumas centenas de metros de distância e nestas ocasiões o trânsito é caótico.
Eram quase 00:30 e ainda não tinhamos estacionado o carro. Nem sequer tinhamos perspectivas disso nos cinco quilómetros quadrados mais próximos.
Demos meia volta de regresso a casa a lamentar o 'Dinheiro mal gasto!', sem vontade nem disposição para ir a outro lado.
...
Apetece-me espancar o primeiro idiota de cartola e bengala às cores que se atravesse à minha frente.
Ou atropelar uma tuna.

sexta-feira, maio 07, 2004

Klimek . Milk & Honey




"Com a sensação de um homem que em breve vai morrer de asfixia, dirigiu-se às apalpadelas para a sua cama aberta, separada, fria. O pé chocou-se com qualquer coisa. O objecto emitiu um som surdo e deslizou, no escuro. Imóvel, direito, escutou o ser estendido sobre a cama, na noite sem rosto. O sopro exalado pelas narinas era tão fraco que apenas fazia palpitar os extremos mais distantes da vida, uma folha minúscula, uma pluma negra, um único cabelo."
em 'Fahrenheit 451' de Ray Bradbury
Acabaram de ler um pequeno apontamento literário.
.
Presença habitual nas colectâneas 'Pop Ambient' da editora Kompakt e após alguns trabalhos para editoras como a Mille Plateaux ou a Sub Rosa, Johnny Klimek estreia-se em discos de longa duração. 'Milk & Honey' é um álbum sombrio e muito bonito, com acordes minimais de guitarra e discretos elementos electrónicos que nunca se apagam, a divagarem em câmara lenta no silêncio contemplativo e tranquilo da noite.
.
.
.
.
Sendo portanto ridículo estar a postar isto às 18:11 de uma tarde de sol.

quinta-feira, maio 06, 2004

Caixa do Correio

From: Miguel Sá
Sent: Tue, 04 May 2004 19:52:19
To: caixa_do_correio@amaisb.pt
Subject: M A I O N A E U R O P A | Sábados : 8, 15, 22 e 29 Maio 2004 : 23h | DJ's | Concertos | Performance |

Discoteca Europa
Rua Nova do Carvalho, 18
Cais do Sodré, LISBOA

Sábado :: 8 Maio 2004 : 23h
=------------------------------------------------------------------------=
MUSGO (live act)
MIGUEL BONNVILLE (performance)
LOLLY AND BRAINS (live act)

Os Lolly and Brains são Sérgio Lemos (Dj Lolly; Miss Lolly Lab; King Kalkito) e João Barroso (Dj Brains; Neuroman). Iniciaram a sua actividade em 2002, tendo editado em finais de 2003 o seu primeiro CD pela editora VARIZ.
A base musical é essencialmente computorizada, marcada pela utilização de 'software' que permite a incorporação de instrumentos virtuais, loops, samples, etc. Sobre a base, são adicionados outros elementos sonoros, como guitarras eléctricas, drum pads, sintetizador, vozes, loops, brinquedos musicais, percussões, etc.
Ao vivo, o formato acaba por resultar numa espécie de Karaoke Cibernético, onde 60% do produto é reproduzido e os restantes 40% são executados no momento.
Musicalmente, não há rótulos assumidos. Não existe orientação estilística dominante nem factores condicionantes. Existe uma vontade de experimentação, sem experimentalismos...
"[...] Esta dupla situa-se no universo do 'electro-punk', cultivando o lado mais vintage e até kitsch da electrónica e uma atitude mais ou menos corrosiva onde sobressai um vincado sentido de humor. Este é, de resto, o principal argumento dos Lolly and Brains. Numa altura em que recuperar a electrónica dos anos 80 não é mais que um cliché pseudo-moderno, é a postura descomprometida que marca a diferença dos Lolly and brains." - ISILDA SANCHES in DN +, Diário de Notícias.
+------------------------------------------------------------------------+

BALLET MECÂNICO (dj set)
TRA$H CONVERTERS (dj set)

Machine Rock// IDM// Bastard & New Pop Song// Sexy Beat
=------------------------------------------------------------------------=

Sábado :: 15 Maio 2004 : 23h

MUSGO (live act)
MARGARIDA MESTRE (performance)
BALLET MECÂNICO (dj set)
BLARMINO (live act)
NELSON FLIP (dj set)
=------------------------------------------------------------------------=

Sábado :: 22 Maio 2004 : 23h

MUSGO (live act)
ANA BORRALHO + JOÃO GALANTE (performance)
TRA$H CONVERTERS (dj set)
LOOSERS (live act)
PAN SORBE (dj set)
=------------------------------------------------------------------------=

Sábado :: 29 Maio 2004 : 23h

MUSGO (live act)
FRANCISCO CAMACHO (performance)
INTELECTRONIK (dj set)
BEGGARLY BANISPER (live act)
NELSON FLIP & YELLOW (dj set)
=------------------------------------------------------------------------=
Entrada : 1 EURO
Oferta de 2 cervejas (8/05)

Thomas Brinkmann . Tokyo + 1 # Múm ao vivo no TSB



Gravado entre Novembro de 2002 e Novembro de 2003, o novo Brinkmann - um dos artistas mais prolíficos ligados à actual electrónica - é um disco conceptual, dedicado ao universo da cidade de Tóquio. Nele, Brinkmann diverte-se a utilizar gravações de sons de gente nas ruas, do sistema de metro da cidade, de máquinas de jogos e até de músicas pop ocidentais revistas pelo temperamento delirante dos japoneses (ideia preconcebida, reforçada após a visualização de 'Lost in Translation') para fazer um dos seus discos mais multifacetados e recomendáveis até à data - que passa do house mais rugoso até ao noise industrial, do techno minimal aos momentos ambientais mais abstractos, sem nunca perder o fio condutor. A edição é da Max.Ernst. (não garanto que o link anterior funcione na perfeição.)

###########

Local: Teatro Sá da Bandeira,Porto
Hora: 22 Horas
Como é de bom tom afirmar sempre que a ocasião permite, "o concerto de hoje dos [inserir nacionalidade e nome dos artistas] revelou uma banda igual a si própria". No caso concreto, estivemos perante uma música demasiado auto-consciente da sua beleza e fragilidade, estruturada de forma a não deixar as canções 'respirar', sem rasgos de entusiasmo nem grande dinâmica e que só teria a ganhar se os restantes membros da banda conseguissem convencer a delicada Kristín Anna Valtýsdóttir (ah... as vantagens do copy/paste!) a permanecer prudentemente afastada do microfone durante a maior parte dos noventa minutos que durou o concerto. Apesar da voz de anjo caído em desgraça(*), o concerto da noite de ontem foi, ainda assim, capaz de superar as expectativas - que, de qualquer das maneiras, já não eram muito altas - com duas ou três óptimas recuperações dos discos anteriores e uma transição de disco para palco competente e satisfatória. (interessante o facto dos músicos tocarem alternadamente quase todos os instrumentos e o pormenor dos sinos num dos temas cujo nome não consigo precisar nesta altura ... ahhh ... os sinos... méeee)
A primeira parte esteve a cargo de Mugison, one man show de tendências trapalhonas, capaz de animar o público que preenchia a plateia do Teatro com samplagens em tempo real da sua própria voz e guitarra eléctrica furiosa, acompanhadas por uma música electro-acústica (a lembrar Four Tet) pré-gravada a espaços muito bonita, intervalada por várias leituras de poemas de temática sexual ditos com um sotaque português delicioso, inspirado - certamente de forma involuntária - no sotaque de Sua Santidade o Papa João Paulo II, ele mesmo.

(*) Aqui estava até há meio minuto atrás um comparação com o bardo da aldeia de Asterix que, para além de forçada, nem sequer tinha grande piada.

quarta-feira, maio 05, 2004

Com um brilhozinho nos olhos



Apesar do nulo no jogo da primeira mão, o FC Porto conseguiu eliminar o RC Deportivo La Coruña nas meias-finais da UEFA Champions League, depois da vitória por 1-0 no Estádio Riazor. A formação portista é a primeira equipa portuguesa a alcançar a final da prova (que tem os moldes actuais desde 1992), num jogo que será disputado em Gelsenkirchen, na Alemanha.
em uefa.com

Estamos todos de parabéns. : )

segunda-feira, maio 03, 2004

Vladislav Delay . Demo(n) Tracks



Nuevo trabajo de VLADISLAV DELAY aka Luomo en su vertiente más experimental. Creador de un sonido muy personal y peculiar, Delay ha recogido el testigo de las producciones de Basic Channel / Chain Reaction y las ha llevado a su terreno. Un terreno con aspectos más ambientales, un sonido que se desarrolla poco a poco y que le han encumbrado como un productor a tener en cuenta! . dejando su versión más housera y vocal para Luomo, Vladislav regresa con "Demo(n) tracks" a la acción y encima lo hace desde un sello creado por el mismo! Para este trabajo en Huume, Delay abandona un poco el terreno del dub y los paisajes sonoros eternos y busca progresar en un sonido más personal. Una evolución sonora que esculpe sonidos, trata drums, juega con elementos acústicos y flirtea con elementos fríos y muy digitalizados. "Demo(n)tracks" es un collage de 13 temas mezclados, entrelazados entre si, con influencias urbanas y con acercamientos a la música más exploradora y experimental.
em www.redmusical.net

Ainda em fase de assimilação, o novo disco de Vladislav Delay aproxima-o do trabalho de artistas como Pole, Deadbeat ou Kit Clayton. O dub de King Tubby sem a componente rítmica, esculpido pela electrónica atmosférica de Biosphere.
A excepção a esta regra surge no último tema, 'Kainuu'. Uma música mais convencional mas igualmente admirável, capaz de deixar a respiração suspensa.
Imagem recorrente: observar um balão amarelo a planar durante horas num céu azul. Como o de hoje.

sábado, maio 01, 2004

Caixa do correio

From: Wilton Mcclellan
Sent: Sat, 01 May 2004 03:38:04 GMT
To: caixa_do_correio@amaisb.pt
Subject: Caixa_do_correio Try it once and you'll thank us later ... 3" growth in 3 weeks!

"You've heard about IGF pills on TV, in the news, and online.
IGF2 is a powerful erecti0n enhancing product that will
create erections so strong and full that over time your man muscle will
actually grow as a direct result!
Go Below to learn how to get a Huge Johnson!
http://www.desireouroffers.biz/index.shtml?xp19829b"

[Espaço para piadinha, do género
"Como é que este gajo soube do meu handicap?"
ou "Já fiz um forward para os meus amigos mais necessitados....eheh"
ou
"Finalmente vou ter a pila com que sempre sonhei"]

Rammellzee

NO PHOTO AVAILABLE

Rammellzee was born in 1960 in Far Rockaway, Queens, NY.
Rammellzee, aside from being an Old School Graffiti Artist with works seen around the world was very much an early MC/Rap Pioneer of vocal styles. Some of which were taught to him by one of his partners from way back- Jamel - Z.
Styles like the "Gangsta Duck" (which he used on the infamous Jean Michel Basquiat produced BEAT BOP circa 1983), "WC Fields" (he used it in the movie Wild Style during his lyrically beyond performance with Shock Dell LIVE AT THE AMPHITHEATER circa 1982), and the "Tricky Dick" were all part of his arsenal.
His influence can be heard in countless rappers including The Beastie Boys and B-Real from Cypress Hill
Rammellzee is still active today unleashing futuristic Hip Hop, painting his style (called Iconoklast Panzerism), and performing all throughout the world.
em www.oldschoolhiphop.com

rammellzee move-se num universo paralelo que ajudou a criar, segundo uma cosmologia própria, esoterismo e ciência em partes iguais: Futurismo Gótico. o tratado explicativo foi elaborado em 1979 e revisto em 2003, ainda completo com ilustrações da arte de rammellzee, escritor de paredes que reclamava a liberdade da letra, armava a letra para verdadeiras batalhas, 'bombardeava' comboios e reclamava uma missão transcendente que hoje podemos situar algures entre sun ra e drexcyia.
rammellzee desenvolveu estilos vocais que viriam a influenciar notoriamente beastie boys e cypress hill, mas as suas mensagens eram de outro plano. os beats em «bi-conicals» são feitos essencialmente por munk, terranova e death comet crew (este grupo também de regresso, atenção às reedições iminentes), construindo um todo que ilude as fórmulas hip-hop em favor de uma amálgama incerta que incorpora grandes partes de electro e punk funk.
nunca um artista ortodoxo, rammellzee estabeleceu culto, saiu do limelight, mas nunca se foi embora.
da mailing list da FLUR

Estou há três dias a tentar sacar o novo disco de Rammellzee no soulseek. Mas a conjugação de slots availables, largura de banda aceitável e utilizadores on-line disponíveis está-se a revelar bastante problemática.
A solução passa por abrir os cordões à bolsa.
+
Gothic Futurism.
Rammellzee in performance.

Agenda
De volta a Portugal, as Chicks On Speed vão estar na discoteca Indústria no Porto para um concerto a ocorrer no dia 15 de Maio. No dia anterior, o trio irá tocar na Faculdade de Arquitectura de Lisboa.
Igualmente de regresso a Portugal, os DAT Politics irão estar no Swing, dia 28 de Maio, para uma apresentação ao vivo. Para não variar, no dia anterior, o grupo estará em Lisboa, desta vez na galeria ZdB. O trio francês traz no laptop o seu novo disco 'Go Pets Go', a ser editado já no início de Maio.
Oportunidade para rever dois projectos que já conheceram melhores dias.
Se bem que no caso das Chicks on Speed esse dias nunca chegaram propriamente a acontecer.
No entanto os concertos são divertidos.
Dress code: Óculos de massa negra para eles e peúgas pelo joelho às riscas horizontais coloridas para elas.