sexta-feira, dezembro 29, 2006

50 discos para 2006...

... que na prática são 54.

2020 soundsystem . tape [12" 20:20 vision]
alex smoke . paradolia [cd soma]
alka_rex . mugen vugen [12" musique risquée]
anders ilar . nightwidth [cd narita records]
andy stott . merciless [cd modern love]
audion . mouth to mouth [12" spectral sound]
belong . october language [cd carpark]
blackbelt andersen . alfaz de pi [12" full pupp]
bodycode . the conservation of electric charge [cd spectral sound]
burial . burial [cd hyperdub]
claro intelecto . warehouse sessions volume 3 [12" modern love]
clipse . hell hath no fury [cd zomba records]
cobblestone jazz . the creator [12" itiswhatitis recordings]
dirty criminals . collision between us and the damned [cd gigolo]
grizzly bear . yellow house [cd warp]
helios . eingya [cd type]
james cotton . oochie coo [12" spectral sound]
james holden . at the controls [2Xcd resist music]
jeff samuel . step [2Xlp trapez]
john tejada . cleaning sounds is a filthy business [2Xlp palette recordings]
junior boys . so this is goodbye [cd domino]
kode9 and the spaceape . memories of the future [cd hyperdub]
lindstrøm . it's a feedelity affair [cd smalltown supersound]
louderbach . enemy love [cd underl_ne]
lupe fiasco . food & liquor [cd atlantic]
magda . she's a dancing machine [cd m_nus]
martin buttrich . full clip / programmer [12" planet e]
matmos . the rose has teeth in the mouth of the beast [cd matador]
matt john . behind the atoms [12" underl_ne]
michoacan . play your part [12" bear entertainment]
morgan geist . most of all [12" environ]
my my . songs for the gentle [cd playhouse]
ochre . lemodie [cd benbecula]
pheek . lignes et directions [12" archipel]
post industrial boys . trauma [cd max ernst]
prins thomas . fehrara [12" full pupp]
putsch '79 . doin it [12" clone]
rekid . made in menorca [cd soul jazz]
rhythm & sound . see mi yah (remixes) [cd burial mix]
ricardo villalobos . fizheuer zieheuer [12" playhouse]
ricardo villalobos . what's wrong my friends? [2X12" perlon]
rub N tug . better with a spoonful of leather [cd aNYthing]
ryan teague . coins & crosses [cd type]
skream . skream! (cd tempa)
sleeparchive . hospital tracks [2X12" sleeparchive]
sleeparchive . radio transmission [2X12" sleeparchive]
sonic youth . rather ripped [cd geffen]
sparklehorse . dreamt for light years in the belly of a mountain [cd capitol records]
troy pierce . 25 bitches vol. II [12" m_nus]
tv on the radio . return to cookie mountain [cd 4ad]
ty . closer [cd big dada]
uusitalo . tulenkantaja [cd humme]
v/a . recloned [cd clone]
v/a . where we at [cd innervisions]

bom 2007 para todos. :)

quinta-feira, dezembro 28, 2006

andy stott . merciless [cd modern love, 2006]

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A edição em 2005 de um conjunto de 12” na Modern Love, label de Claro Intelecto, revelava pela primeira vez o nome de Andy Stott. Enquanto toda a gente estava desprevenida, a olhar noutras direcções, surgia em Manchester um novo paradigma para a música electrónica actual. Em comum com Intelecto, Stott demonstrava um talento pouco usual para incorporar o tecno de Detroit, o house de Chicago e a electrónica mais abstracta num resultado final coeso, com padrões rítmicos organizados sob camadas de som de diversas origens, incluindo influências exteriores à tradicional rede de cumplicidades da música electrónica, como o então emergente dubstep.
Álbum que deve ser ouvido num sistema de som de um club – ainda e sempre, a profundidade sonora intangível num contexto caseiro – dançável sem ser exuberante, “Merciless” é o disco certo editado na altura exacta. Cerebral, polido de impurezas, sofisticado quando evita as armadilhas do ritmo 4/4 (quase sempre) tem, numa perspectiva pessimista, dois momentos maiores: o groove subaquático e orquestral de “Choke”, já editado em 12”, faixa que poderia fazer parte do disco de estreia de Burial, e “Blocked”, uma espécie de Rhythm & Sound sem vozes que acrescenta uma dimensão atmosférica e narrativa a um álbum curto, directo e sem elos fracos.
Estivesse a segunda metade do disco ao nível das primeiras cinco faixas e “Merciless” seria uma obra-prima. Ainda assim trata-se de um dos discos imperdíveis do ano, simbólico de uma das editoras mais interessantes do momento. Tudo certo, irrepreensível, imaginado sem excessos.

(texto publicado originalmente no # 2 do jornal UM)

quarta-feira, dezembro 27, 2006

kode9 and spaceape . memories of the future [hyperdub, 2006]

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Dub digital e histórias de alienação e violência urbana convergem num dos discos mais esperados do ano.

A vida corre bem a Kode 9, DJ, produtor, dono da editora Hyperdub, apresentador do programa Forward numa das rádios piratas mais ouvidas de Londres, professor universitário e um dos ideólogos com discurso mais coerente do universo dubstep. Já este ano foi lançado pela sua editora o disco de Burial, um dos álbuns mais falados dos últimos meses e que irá certamente ocupar um espaço importante nas listas de final de ano. Agora é a vez de Kode 9 e do seu vocalista residente, Spaceape, tomarem o centro das atenções com o álbum de estreia, “Memories of The Future”.
Dizem os entendidos que o misterioso não é nada de novo mas sim algo já conhecido que regressa sob uma forma diferente. Em certa medida é isso que se passa em “Memories Of The Future”, um álbum notável na forma como Kode 9 preenche os espaços entre as batidas, e na maneira obstinada como Spaceape constrói uma atmosfera de pós-apocalipse, simultaneamente urbana, fantasmagórica e primordial. Mas como estética nada daqui será propriamente novo - ok, temos um tipo a discursar sobre o caos e uma espécie de dub mutante com baixos sobrecarregados e batidas digitais - e vêm-nos à memória discos como “Maxinquaye” de Tricky, Adrian Sherwood, as produções da U Sound e uma coisa estranhíssima chamada “Millions of Images” com William S. Burroughs a dissertar sobre drogas numa música de Gus Van Sant.
É, no entanto, um grower, um disco que apesar de cansativo e, numa primeira análise, repetitivo, cresce com as audições, com o tempo e com pré-disposição para o assunto. Será “Memories of The Future” o ponto de convergência entre Linton Kwesi Johnson e as novelas de J.G. Ballard rumo ao espaço inter-galáctico, como escreveu Simon Reynolds no seu blog? É provável que não, mas dificilmente ouviremos subgraves tão intensos nos próximos tempos.

(texto publicado originalmente no # 1 do jornal UM)

terça-feira, dezembro 26, 2006

james brown [1933-2006]

the hardest workest man in show business morreu ontem, dia de natal, vitima de pneumonia.
morreu?
não.
obviamente vai viver para sempre.

http://hitdabreakz.blogspot.com/2006/12/rip-james-brown.html
http://groovesclash.blogspot.com/2006/12/james-brown-funky-life.html

magda . she's a dancing machine [cd m_nus, 2006]

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Em setenta faixas e setenta e oito minutos, Magda resume num disco o estado presente do techno minimal.

Polaca de nascimento, norte-americana de adopção e actual berlinense, Magda iniciou a carreira de DJ em Detroit na segunda metade da década de 90. Protegida de Richie Hawtin/Pastikman, para quem numa primeira fase fazia os warm-ups, constitui, juntamente com Marc Houle e Troy Pierce, os Run Stop Restore, um dos poucos grupos da cena techno minimal e uma das forças criativas mais influentes da electrónica actual. Nos últimos anos saiu da sombra do mentor e começou a fazer remisturas e produções em nome próprio. O estilo é diferente do de Richie: mais funky e recreativo, não tão purista, com incursões na house, no disco ou no techno menos claustrofóbico e obscuro.
“She’s a Dancing Machine” é o resultado das preferências de Magda e compila em pouco mais de 70 minutos outras tantas faixas, coladas com classe e savoir-faire. A utilização de software Ableton, de controladores MIDI e a decomposição de faixas em loops e pequenos samples funcionam de forma distinta daquilo que seria um DJ set gravado em tempo real. Aqui as músicas surgem interligadas como se de uma só faixa se tratasse, sem pausas nem picos, num trabalho de estúdio delicado e de resultado harmonioso.
Divido em 16 secções, “She’s a Dancing Machine” é uma snapshot do que mais importante se passa no techno minimal da actualidade e em tudo o que o rodeia; uma polaroid que junta as produções dos elementos dos Run Stop Restore com nomes consagrados, como Villalobos, Larry Heard ou Plastikman, e novos talentos ambiciosos, como Bruno Pronsato, Donnacha Costello ou Matt John. Essencial para quem chega agora ao universo do minimal, emblemático para toda uma cena, contagiante até para quem habitualmente não consome música de dança.

(texto publicado originalmente no # 1 do jornal UM)

de regresso

sinto-me como se tivesse acabado de regressar a casa depois de umas férias de seis meses. os próximos dias vão ser dedicados a limpar a casa e assim.