magda . she's a dancing machine [cd m_nus, 2006]
Em setenta faixas e setenta e oito minutos, Magda resume num disco o estado presente do techno minimal.
Polaca de nascimento, norte-americana de adopção e actual berlinense, Magda iniciou a carreira de DJ em Detroit na segunda metade da década de 90. Protegida de Richie Hawtin/Pastikman, para quem numa primeira fase fazia os warm-ups, constitui, juntamente com Marc Houle e Troy Pierce, os Run Stop Restore, um dos poucos grupos da cena techno minimal e uma das forças criativas mais influentes da electrónica actual. Nos últimos anos saiu da sombra do mentor e começou a fazer remisturas e produções em nome próprio. O estilo é diferente do de Richie: mais funky e recreativo, não tão purista, com incursões na house, no disco ou no techno menos claustrofóbico e obscuro.
“She’s a Dancing Machine” é o resultado das preferências de Magda e compila em pouco mais de 70 minutos outras tantas faixas, coladas com classe e savoir-faire. A utilização de software Ableton, de controladores MIDI e a decomposição de faixas em loops e pequenos samples funcionam de forma distinta daquilo que seria um DJ set gravado em tempo real. Aqui as músicas surgem interligadas como se de uma só faixa se tratasse, sem pausas nem picos, num trabalho de estúdio delicado e de resultado harmonioso.
Divido em 16 secções, “She’s a Dancing Machine” é uma snapshot do que mais importante se passa no techno minimal da actualidade e em tudo o que o rodeia; uma polaroid que junta as produções dos elementos dos Run Stop Restore com nomes consagrados, como Villalobos, Larry Heard ou Plastikman, e novos talentos ambiciosos, como Bruno Pronsato, Donnacha Costello ou Matt John. Essencial para quem chega agora ao universo do minimal, emblemático para toda uma cena, contagiante até para quem habitualmente não consome música de dança.
(texto publicado originalmente no # 1 do jornal UM)
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