Marco Passarani . Sullen Look (CD Peacefrog, 2005)
Bio: Marco Passarani vive em Roma e tem uma carreira de mais de uma década ligada à música electrónica. Editou em labels como a Generator e a Final Frontier de Detroit, a holandesa Interferred Communications, a alemã Hymen e as britânicas Skam e Peacefrog. Adicionalmente mantém a sua própria editora (Nature Records) e é aquilo que se consideraria chamar um símbolo do movimento underground romano.
"Sullen Look" reúne algumas das suas produções mais recentes, editadas já na Peacefrog, e contraria a ideia preconcebida de que um tipo chamado Marco nunca poderia gravar um bom disco.
Passarini está em muitos sítios ao mesmo tempo: desde o techno de Detroit ao acid house, do electro ao ambient, do italo disco à pop electrónica (aparte: "Critizice", um clássico de Alexander O'Neal, vocalizado por Orlando Occhio, aka gajo dos óculos dos Kings Of Convenience, faz parte de playlists de gente como Trevor Jackson, Ivan Smaghe ou Laurent Garnier) sempre com savoir faire e coerência. A sua - do disco - relativa complexidade estética e profusão de diferentes perspectivas relativamente aquilo que é a música electrónica actual retira-lhe o apelo imediato. Mas não há um momento menos interessante ou uma música que se possa considerar mais fraca e a revelação que estamos perante um excelente disco acaba por chegar após diversas audições. Entretanto e num primeiro instante, há "Dirty Needlework" e "Clair", paixões absolutas, que têm tudo - o groove, a sensibilidade melódica, a complexidade rítmica, as quebras inesperadas - o que faz as boas faixas.
Ao mesmo tempo celebrador do espirito hedonista da dancefloor e da electrónica mais introspectiva, "Sullen Look" faz lembrar, ainda que de forma não imediata, "Neurofibro", a obra-prima do ano passado de Claro Intelecto. Está uns furos abaixo: a heterogeneidade de estilos acaba por resultar em seu prejuízo. É, porém, igualmente recomendável.