sexta-feira, janeiro 19, 2007

john tejada . cleaning sounds is a filthy business [2xlp palette recordings, 2006]

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John Tejada vive em Los Angeles – provavelmente um dos locais mais improváveis do mundo para produzir música electrónica. Originário de Viena, Tejada actua entre os Estados Unidos, a Europa e o Japão, país onde mantém um considerável número de fãs. Sendo um dos mais prolíficos produtores e remisturadores da actualidade, gere ainda uma editora – a Pallete Recordings – com um catálogo aproximado das 50 edições, distribuído entre álbuns e máxis. Como produtor, Tejada não se restringe a um determinado género; move-se essencialmente pelo house e pelo tecno minimal, vai ao drum’n’bass e à electrónica mais abstracta e ainda tem tempo para, em conjunto com Takeshi Nishimoto, assinar como I’m Not A Gun e aproximar-se, sem medos, dos terrenos movediços do post-rock.
“Cleaning Sounds…” é um disco inspirado na primeira vaga do tecno de Detroit e na sonoridade produzida pelos pioneiros da década de 80. Álbum reconhecidamente nostálgico – é o próprio autor que admite em diversas entrevistas que tentou capturar a energia, a excitação e o fascínio do tempo em que começou a gravar música de dança –, é um desses raros, e por isso mesmo inesperados, momentos em que a tentação para intelectualizar permanece ausente. Directo para a pista, funcional sem ser redundante, “Cleaning Sounds…” oferece futuro clássico atrás de futuro clássico, imediatamente antes de um novo clássico. O resultado não vai salvar o mundo mas faixas como “Paper Jet”, “Mutation”, “What Happened to Manners?” ou “The Zone” confirmam um disco que está muito para além da simples competência e se junta a “The Conservation Of Electric Charge”, de Bodycode, e a “Flora & Fauna”, de Dominik Eulberg, na lista reservada ao tecno minimal com fundamentos orgânicos ou algo assim no género. Essencial.

(texto publicado originalmente no # 5 do jornal UM)