domingo, janeiro 21, 2007

donnacha costello . 6X6=36 [cd minimise, 2006]

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Depois dos dez máxis da colecção Color Series, o irlandês Donnacha Costello mantém a sua aposta em edições conceptuais. 6X6=36, para além da lição de aritmética, inclui, num único álbum vendido a preço reduzido, os três máxis mais recentes editados este ano. Gravadas em seis dias, com Donnacha literalmente enfiado no seu estúdio em Dublin, e editadas num intervalo de seis semanas, as seis faixas têm em comum o facto de durarem, cada uma, seis minutos exactos, nem que para isso tenham que terminar de forma abrupta. À primeira vista parece uma manobra de marketing, um truque utilizado para capturar a atenção numa altura em que todas as semanas aparecem demasiadas edições dentro do género. Mas, no fundo, o importante é a música: Donnacha é um esteta do minimalismo mais absoluto, um mago dos bleeps e dos bloops mantidos sob ritmo elevado, revelado imediatamente nos primeiros instantes de cada tema e repetido com precisão matemática até atingir um estado próximo da hipnose. “Punishment” e “Exhaustion” são envolventes e circulares como um gato atrás da própria cauda, “Repetition” assemelha-se a um jogo de ténis de mesa infinitamente empatado entre a linha de baixo e o ácido dos sintetizadores, “Persistance” e “Claustrophobia” transbordam confiança e personalidade e “Panic” é tão minimal, tão minimal, que quase nem se ouve. 6X6=36 não será um dos discos mais importantes do ano mas coloca Donnacha na lista dos nomes a seguir com atenção dentro daquela fracção da música electrónica situada algures entre a pista e as galerias de arte, a experimentação e a melodia, a técnica e as emoções.

(texto publicado originalmente no # 6 do jornal UM)