sexta-feira, dezembro 02, 2005

lindstrøm & prins thomas . lindstrøm & prins thomas [cd eskimo, 2005]

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da mailing-lust da FLUR:Os dois produtores noruegueses têm assinado um número impressionante de maxis, remisturas e re-edits em 2004 e 2005. Quando se começa a pensar "já chega" aparece outro disco que adia a atracção pela queda de mitos que tão bem descreve a atitude contemporânea de quem gosta de sentir todos os outros ao nível do tocável (por oposição a intocável). Para simplificar: Lindstrom e Prins Thomas ainda não deixaram de fazer discos incríveis, ou, no mínimo, muito bons desde que, por algum motivo, atingiram o nirvana Disco. A escola improvável que percorre a música de uma ponta à outra (folk a metal) enriqueceu duas cabeças demasiado ocupadas com 60's, 70's e 80's para se preocuparem muito com a pressão do novo. No entanto, o álbum homónimo de L & PT contém alguma da música mais futurista que ouvimos este ano. A combinação de classicismo Disco (Filadélfia, 1970's) com Espaço, Ibiza, chic nórdico e comunas krautrock pode nunca mais ter sido ouvida desde «E2-E4» de Manuel Göttsching, pode estar preenchida com referências passadas mas a produção dos dois noruegueses faz com que a sua música inscreva um novo horizonte para contemplar. E parece real. Os rasgos do novo rock, da revolução electro, noise e abstraccionismo electrónico parecem subitamente exercícios de estilo fúteis quando comparados com a pura musicalidade sem ironia neste disco fora de moda. A sugestão exacta de psicadelismo acrescenta drama à música, assim como os coros que aparecem sem se perceber e a ambiência oriental que ameaça estragar tudo quando, já com os olhos fechados à espera do pior, sentimos na verdade que o horizonte de que falávamos ficou mais largo. Tudo clássico. O álbum tem 12 faixas geniais e uma décima terceira absolutamente intragável, sub-Enya, desnecessária, ou então perfeita para aquele momento íntimo da noite em que já não interessa sequer desligar o som. Gasp.

outras referências incluem nomes como o dos air, giorgio moroder ou tortoise.
o que parece [e é] incrível em "l & pt" é a forma como tudo parece resvalar para a simples música de fundo, onde os clichés abundam com a elegância subtil de um martini ingerido junto a uma piscina [bonita e muito original imagem] mas sempre do lado certo da barricada. lembremos, por exemplo, o entusiasmo com que recordamos séries lamentáveis como, numa escolha aleatória, miami vice, só que em música. ou seja, aquilo que poderia ser, sem grande esforço, um dos discos mais marcantes [à falta de termo exacto opta-se também aqui por um cliché] da nostalgia do inicio da adolescência torna-se, por oposição, num disco com uma dimensão contemporânea desarmante.
"l & pt" é, por tudo isto e excluindo a tal faixa treze, o melhor disco da década de 80 deste ano.