segunda-feira, janeiro 10, 2005

Pantha du Prince . Diamond Daze (Dial, 2004)



Da mesma encomenda (entendida no sentido literal do termo) em que chegou o disco de Sten, surge Pantha de Prince, isto é, Hendrik Weber a editar na Dial, label de Lawrence (aka Sten, isto anda tudo ligado), Carsten Jost, Alexander Polzin e Benjamin Wild.
Mais imediato (como em "mais rápido") do que "Leaving The Frantic", "Diamond Daze" utiliza a energia seca das drum machines e faz a ponte com a melancolia da idm, o negrume do dub (os ecos, os reverbs) e algo que, se a minha imaginação não me está a confundir, se aproxima de um certo espirito amargurado do pós-punk, como em Joy Division e assim. Um nome para isto: microhouse. Ou techno minimal, o ponto em que o house e o techno convergem, se interceptam e confundem. (há quem fale igualmente em Gothic Microhouse mas isso já é forçar um pouco a nota.)
Depois de anos de excessos, vive-se um regresso ao essencial e ao predomínio do detalhe sobre aquilo que é considerado acessório - imaginem a definição pormenorizada de uma fotografia a preto e branco por oposição à extravagância ofuscante de um tapete persa. Pequenos fragmentos de melodias sob a forma de pianos ou guitarras, incorporados num todo de forma intermitente, são encaixados sob um groove minimal e linhas de baixo insidiosas. A idm desce à terra e encontra Steve Reich, Robert Hood, Maurizio e Ryoji Ikeda. Sempre - mas sem uma única excepção ou concessões de qualquer espécie - com um hook capaz de prender o ouvinte num instante imediato.
O álbum termina com "Glycerine", único tema cantado de "Diamond Daze", com vocalizações a lembrar Matthew Dear (que, por sua vez, faz lembrar Ian Curtis) e um tom geral de abandono (then you said "fuck you"), desprezo (so i said "fuck you too") solidão e angústia. No final, resta a impressão que nada daqui é novo (no sentido de "original") mas que somos testemunhas de um grande número de músicos/produtores e de editoras que em conjunto estão a elaborar a nova (no sentido de "futura") música pop. Ou, como dizia uma critica lida algures a propósito de "Diamond Daze", cryptic pop unfold their mystery in a pumping crystaline mobile of sound.