quarta-feira, dezembro 22, 2004

Khonnor . Handwriting (Type, 2004)



Álbum de estreia de Connor Kirby-Long, americano nascido em 1986 na cidade de Vermont, "Handwriting" recebeu diversos elogios da critica, que lhe valeram comparações com o disco de estreia dos Boards of Canada e, pelo menos, uma catalogação hiperbólica como "obra-prima".
No booklet, Connor agradece (supõe-se que como fonte de inspiração) aos Pixies, My Bloody Valentine, Radiohead, Sonic Youth, Morrissey, Jim O'Rourke e a anyone i may have forgotten (esqueceu-se dos Slowdive, por exemplo) mas, para ter uma ideia mais concreta de "Handwriting", deve-se imaginar "Dreams Top Rock" - disco do ano passado de Pluramon com a voz de Julee Cruise - ou "Transit" - tema do álbum "Venice" de Fennesz, cantado por David Sylvian.
Valha a verdade que a coisa resulta razoavelmente bem em "Dusty", "Crapstone" e "Kill2" - melodias acústicas simples, alteradas por ruídos electrónicos, distorção e estática - mas, numa segunda metade de disco mais fraca, Khonnor parece deslumbrado com as suas próprias capacidades e suposto talento. Faixas como "I Was Everything You Wanted Until I Quit" (ah... a angústia existencial da adolescência) ou "The Stoned Night" resvalam para a estopada e retiram ao ouvinte toda e qualquer capacidade de encantamento que os momentos anteriores poderiam ter dado.
Khonnor tem capacidade e engenho para arquitectar momentos sentimentais e paisagens evocativas mas falha na construção de um mundo próprio, como se as suas memórias e mágoas (cicatrizes) ainda fossem demasiado imaturas para se sobreporem à simples execução técnica. O que se lamenta, porque eliminando os momentos inconsequentes e com um pouco mais de amadurecimento das boas ideias que contém, "Handwriting" poderia ser um EP imprescindível.
Disse bem. Um EP.