sábado, outubro 02, 2004

Mathew Jonson

Se tentássemos efectuar a tradução do copy/paste transcrito no penúltimo post deste belogue a partir da superlativa ferramenta de idiomas do Google teriamos qualquer coisa como:

Vancôver b.c.?s possui o jonson do mathew construiu um excesso contínuo da reputação o passado poucos anos com sua participação no quartet esquerdo profundo moderno, jazz do cobblestone e por várias produções sob seu próprio nome seus forays no jazz, na casa, na fusão, no techno e no outro music(s) baseado eletrônico reference uma juventude enchida com a creatividade e o ingenue musicais

Fim de citação.

No entanto, apesar de incompreensível, a ideia a reter é que Jonson - e as suas performances, quer em nome próprio, quer através dos Cobblestone Jazz ou dos Modern Deep Left Quartet - mantém uma elevada reputação crítica, capaz de suscitar diversos elogios e de ter as suas produções em playlists de gente tão insuspeita como Carl Craig, Richie Hawtin, Laurent Garnier, Ricardo Villalobos ou Larry Heard.
Foi certamente através de uma destas playlists que cheguei ao nome de Matthew Jonson (ou disso ou do 'All People Is My Friends' compilado por DJ Koze e que no inicio do inverno passado revelou ao mundo menos atento o espantoso 'Typerope').
Daí até estes quatro 12" - editados entre Julho e Setembro deste ano, com intervalos regulares de uma semana, excepto o último - foi um pequeno passo.
Reflexão lateral para acrescentar que, enquanto no pop/rock é natural que numa primeira fase apareça o álbum (ocasionalmente antecedido por um single ou dois) e só depois os diversos singles, na electrónica é bem mais habitual que suceda o contrário. Daí que não seja de surpreender que mais dia menos dia, acabe por surgir um álbum que reuna todos estes 12".
Adiante ...

Behind The Mirror (2004, Sub Static)



Tracklisting:
A Behind The Mirror
B Folding Space


Envolvente e complexa, a produção límpida de Jonson destaca-se e torna 'Behind Mirror' numa música inesquecível, não muito distante dos primeiros LFO e das produções de Drexciya, contaminados por influências italo disco. No lado B perde o italo, ganha o disco. 'Foldin Space' revela uma combinação imbatível entre ritmo milimetricamente estruturado, melodia sci-fi e um baixo que parece tirado do 'She's Lost Control', tema histórico desses mesmos. Ouvido o primeiro 12" começa-se a entender a razão de tanto hype.

Decompression (2004, Minus)



Tracklisting:
A Decompression
B Ultraviolet Dream


'Decompression' é uma dancefloor track que não chega a ser killer por ser demasiado lenta. É um tema que - com percussão sintetizada, uma linha de baixo 'gorda' e teclados ondulantes - não tem segredos, o que tens nos primeiros 30 segundos é o que vais ouvir sem grandes alterações no tempo restante. Mais imponente, 'Ultraviolet Dream' ocupa o lado B e atira o ouvinte para o canto do ringue com uma batida techno, uma linha de baixo disco, num circulo de crescimento ... hmmm ... galopante, a deixar espaço para os teclados respirarem por baixo das bpm's. A coisa diminui de intensidade nos últimos instantes, tornando-se orquestral como poucas vezes se ouve na pista de dança. No final digamos que - apesar de ser editado pela Minus , desta ser a label de Richie Hawtin e deste raramente se enganar - não se detectam por aqui grandes motivos para o hype referido anteriormente. Next stop.

Love Letter To The Enemy (2004, Itiswhatitis Recordings)



Tracklisting:
A Love Letter To The Enemy
B Octagon


E a paragem seguinte é 'Love Letter to The Enemy', muito provavelmente o melhor 12" de Jonson, com uma produção irrepreensível e um sentido perfeito das novas roupagens digitais que o funk do século XXI deve assumir. O lado A começa com uma introdução de cerca de 3 minutos que nos prepara para o que aí vem, tipo foguetão que apenas auxilia a nave espacial na altura da descolagem. Depois da tranquilidade, os últimos minutos revelam-se inebriantes, com uma ligeira mudança de ritmo final a acrescentar uma camada extra de classe. Se o lado A tem funk, 'Octagon' tem swing, sendo a banda sonora ideal para documentários sobre festas de ping-pong em salões onde a lei de gravidade não foi convidada. Ao contrário dos compatriotas Akufen e Matthew Dear, a música de Jonson ganha relevância na proporção directa com que diminuem os seus instintos de folia. É aqui que, pela primeira vez, o nome de Metro Area assalta o espírito do ouvinte.

Moss Rocks (2004, Arbutus)



Tracklisting:
A Mathew Jonson . 911, How Can I Help You?
B Mole, The . The Touch


Mais funk - branco, electrónico, contagioso, daquele que se intromete na cabeça do ouvinte de forma hipnótica e não quer sair de lá tão cedo. 'Moss Rocks' é um split entre Jonson e The Mole (nunca ouvi falar, as informações são escassas, se alguém souber quem é The Mole pode comunicar por email. Agradecido).
No lado A, '911, How Can I Help You?' é sustentado por um ritmo midtempo, com sintetizadores vintage, percussão digital e uma marca distinta de electrónica sofisticada e de know-how sobre como gerir o espaço, o ritmo e as expectativas do receptor. Pela segunda vez o nome de Metro Area sugere algo mais do que um deja-vu. No lado B, 'The Touch' declara-se insidiosa e viciante, uma música feita de um ritmo construído de forma crescente - tem algo de 'Prix Choc', por exemplo, com ecos mas sem filtros. The Mole surge do nada com uma música segura, demonstrando o caracter de que são feitos os clássicos e é outro nome a seguir com atenção nos tempos mais próximos.