Discos
Frank Martiniq . Late Night Toolz 3 (12" Boxer Sport, 2004), última parte das "Late Nights Toolz". Doze polegadas com um grau de interesse e uma cadência crescente; começa no technohouse minimal de "Use Fuse", passa pelo micro boggie de "Baffle" e termina num muito admirável "Dope Dot", shuffle beat straight to the dancefloors.
Losoul . Getting Even (Playhouse, 2004), num meio - a música de dança, em sentido lato - em que muitas vezes os álbuns são apenas uma soma dos maxis anteriores, são raros os exemplos de consistência e homogeneidade. Não muito longe daquilo que Villalobos ou Thomas Melchior produzem, Losoul (aka Peter Kremeier) elabora um disco de texturas densas, linhas de baixo minimais e atenção extrema ao mais ínfimo detalhe. Techno, microhouse, acid, disco, funk e, pelo meio, meia dúzia de temas assombrosos, donde se destaca "Soul Down".
The Clash . London Calling (Sony Music, reedição 2004), reedição de luxo comemorativa do 25º aniversário que, acima de tudo, tresanda a manobra da editora para sacar mais uns cobres aos fãs. O segundo disco - designado "Vanilla Tapes" e que inclui ensaios, versões nunca ouvidas e 5 inéditos - é dispensável e o DVD também (vale pela demonstração do feitio exuberante do produtor Guy Stevens). Salva-se o booklet (completíssimo) e, óbvio, "London Calling"; um disco magnifico e intemporal, que faz parte do lote daqueles que levaria para a ilha deserta e tal... e assim...
Mikkel Metal . Dorant / Kaluga (12" Kompakt, 2004), duas músicas para ir ouvindo enquanto não chega o primeiro álbum do dinamarquês, previsto para breve. Mais uma vez, a história do músico que vive, numa primeira fase, obcecado por rock sónico (e pelos Pavement e pelos My Bloody Valentine) e que começa posteriormente a desenvolver uma aproximação progressiva à música electrónica. Menos melodiosas do que as suas edições anteriores na Echocord, "Dorant" e "Kaluga" sugerem ambientes minimais sob uma batida 4/4.
Tigerskin . Back In The Days (Resopal, 2004), Tigerskin é Alex Krüeger e já foi Dub Taylor. Ainda não ouvi o álbum mas a confiar nos indícios revelados em "Dance Now", Tigerskin traz um distinto sabor retro, capaz de relembrar alguma da elegância inicial do house de Chicago. Tudo devidamente reformulado para os nossos dias, como se aconselha.
Solvent . Apples and Synthesizers (Ghostly, 2004), ao quarto disco, Jason Amm afasta-se definitivamente da IDM e faz um álbum de electro clássico e pop sintético, esculpido à base de vocoders e sintetizadores analógicos (a lista de instrumentos utilizados é longa), que não raras vezes lembra os Kraftwerk ou os Skinny Puppy. Parece sobretudo um estudo prático, simultaneamente dedicado e disciplinado, sobre as potencialidades da electrónica ao serviço da música pop, mais do que a execução sem sobressaltos de um som trendy. Provavelmente vai desiludir os antigos fãs mais ortodoxos mas, mesmo para quem nunca ouviu Solvent, é bem capaz de se tornar um caso de amor incondicional vs absoluto repúdio.
Ten And Tracer . Companion (U-Cover, 2004), Boards Of Canada vintage.
Seelenluft . You Come Along (12" Klein, 2004), remisturas de Joakim, M.A.N.D.Y. e dos omnipresentes Munk para um tema do suiço Beat Soler, já longe das aventuras de Silvercity Bob. Munk e Joakim não se afastam muito da matriz original, mas também, com aquele baixo, ninguém os pode censurar. (a propósito, "The Way We Go" é capaz de ser um dos melhores discos ignorados deste ano)
Mocky . Are+Be (Fine, 2004), Are+Be» é tudo aquilo que hoje em dia se quer: um álbum forte, cheio de trauteantes canções, balanço negro e funk, instrumentais atraentes, interlúdios riquíssimos, acústico versus electrónica, colaborações imprescindíveis (Feist, Lidell e Taylor Savvy), mensagens políticas (votem em Will Smith) e ecológicas incluídas. Musicalmente é um compêndio de estilos, de bom gosto exemplar, de mau gosto provocado, empurrando o hip hop a abandonar o berço ? soa à ingenuidade dos 80 e, ao mesmo tempo, à complexidade dos 90. «Are+Be» é acima de tudo um gigantesco puzzle cómico de rara inteligência que, pelo meio, sabe mostrar-nos óptimas canções", da mailing-list da Ananana. Evidentemente, o disco não é assim tão bom. Apesar disso justificam-se uma ou duas (ou três ou quatro) escutas atentas.
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