quarta-feira, agosto 25, 2004

“In funk, you dig into a groove, you don’t stay on the surface”

Discos que chegaram na última encomenda efectuada na Dustygroove.com.

James Brown . In The Jungle Groove



‘In The Jungle Groove’ é uma das melhores compilações da música de James Brown. Como se isso ainda não bastasse, traz como bónus adicional o facto de conter versões raras e inéditas de alguns dos seus maiores êxitos, abrangendo os anos entre 1969 e 1972 – altura em que, juntamente com os JB’s (dos quais faziam parte lendas como Maceo Parker, Bootsy Collins, Clyde Stubblefield ou Fred Wesley), Jota Bê, himself, cantava algumas das faixas mais tumultuosas e viscerais da ainda curta história do funk. Originalmente editado nos anos 80 (quando ‘Living In America’ elevava o estatuto de JB a um mercado ... como dizer? ... global) apenas em vinil, a presente compilação inclui versões ligeiramente diferentes das originais, para temas fundamentais nesta história toda, como ‘Funky Drummer’, ‘Give It Up Or Turn It Loose’, ‘Soul Power’ ou ‘I Got To Move’ e uma longa versão, nunca antes editada, para ‘Blind Man Can See It’, tema incluído na banda sonora do filme ‘Black Cesar’ (blaxploitation kind of stuff). Ou seja, tema clássico, após tema clássico, imediatamente antes de outro tema clássico.

Blackbyrds . Night Grooves



Reedição para o original editado em 1978, com versões especiais e exclusivas para temas explosivos como ‘Supernatural Feeling’, ‘Rock Creek Park’, ‘Walking In Rhythm’ ou ‘Happy Music’. Os Blackbyrds foram fundados pelo trompetista Donald Byrd (um dos artistas mais prolíferos nos anos de ouro da Blue Note), que entretanto se cansou do jazz tradicional, passou pelo jazz de fusão e acabou no jazz-funk, com a habitual aceitação crítica que os fundamentalistas do género nutrem pelos artistas que se afastam de caminhos mais 'puros'. O presente álbum é uma colecção de temas especificamente re-trabalhados para dancefloors, em versões longas que prolongam o groove e intensificam o ritmo, incluindo, nas sete faixas que fazem parte do disco, seis dos nove singles que os Blackbyrds mantiveram na tabela Billboard (nenhum deles propriamente no topo) entre 1974 e 1978 e que desde essa altura nunca mais foram editados. Seis razões suficientes que tornam este disco particularmente apetecível para os admiradores dos Blackbyrds e para neófitos, grupo no qual me incluo.

David Axelrod . Song Of Innocence



O nome de David Axelrod cai na categoria dos que já conhecia há muito, mas a que nunca tinha prestado a atenção devida. Um post no Hit Da Breaks e a campanha activa do Dub, fez-me comprar uma antologia dos trabalhos de Axelrod editados entre 1968 e 1970, quer em nome próprio, quer fazendo parte dos Electric Prunes ou associado a nomes do jazz como Cannonball Aderley ou Lou Rawls. O passo seguinte levou-me a este disco.
Ignorado pela generalidade do público, obscuro durante décadas e coisa para cair no esquecimento não fosse o trabalho de investigação e divulgação de diggers como DJ Shadow, ‘Song Of Innocence’ foi editado originalmente em 1968 e é aquilo que se convencionou designar como um 'clássico instantâneo'. E o que se pode ouvir aqui? Funky breakbeats, arranjos barrocos de cordas e metais, turnarounds melódicos, solos jazzy, linhas de baixo memoráveis, grandes riffs de guitarra, jazz, funk, bandas sonoras, tudo embrulhado num psicadelismo místico, cru e ingénuo. Uma música maximalista, ‘bigger than life’, tocada e sentida como se não houvesse amanhã, uma espécie de antecessor excêntrico do trip-hop. Ouçam a ultra samplada ‘Holy Thursday’, ‘The Smile’, 'Urizen' ou ‘The Mental Traveller’, por exemplo. E, já agora, o seu irmão gémeo, ‘Songs of Experience’, inspirado igualmente na obra de William Blake e editado no ano seguinte.
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Johnny Harris . Movements



Tal como David Axelrod, Harris mistura uma variedade de sons, desde o jazz ao funk, com influências de bandas sonoras ‘clássicas’ e música instrumental, numa amalgama coerente e original. E tal como Axelrod, Harris foi um compositor subestimado no seu tempo, incompreendido e ignorado. Capaz de agradar aos fãs de compositores como Pierry Henry ou Raymond Scott e ao mesmo tempo (se bem que esta condição não é nada exclusiva mas enfim..) aos amantes incondicionais do groove, ‘Movements’ é um disco pioneiro e irresistível, que quase 40 anos depois continua a ser perfeitamente actual. Uma curiosidade: Uma remistura de ‘Stepping Stones’ foi mais tarde utilizada na campanha publicitária ‘kung fu’ da Levi’s. Lembram-se dela?