domingo, junho 20, 2004

Optimus.Hype@Meco, dia 10 de Julho.

PALCO OPTIMUS
Moloko
The Matthew Herbert Big Band
Peaches
London Elektricity
Scratch Perverts

TENDA ZONE
Fernanda Porto
Otto
Trio Mocotó
Kaleidoscópio
DJ Dolores & Aparelhagem
Tó Ricciardi

TENDA JOURNEYS
Jazzanova feat. Clara Hill (Sonar Kollektiv)
Âme (Sonar Kollektiv)
Break Reform - Live
The Deal - Live
Dubadelic Vibrations
Pedro Viegas
Yari
Pitt Bull

TENDA DA PROVIDERS
Stereo Addiction (Portugal)
Bart (Portugal)
Chris Meehan
Dave Seaman
Infusion
Kasey Taylor

14 HORAS DA MELHOR MÚSICA ELECTRÓNICA!


Um festival de música electrónica que ignora nomes como os de Alter Ego, Junior Boys, Matthew Dear, Robag Wruhme ou Fabrice Lig, que não tem o arrojo de perceber que coisas como os Spektrum, The Streets, Wiley, Dizzee Rascal, !!! ou LCD Soundsystem teriam potencial para grandes concertos e para se tornarem fenómenos de culto por cá, que esquece que em Benicassim vai haver uma noite da Kompakt, outra da Output e actuações de Ritchie Hawtin, Ricardo Villalobos, Krafwerk e Paul Kalkbrenner, que não tem a percepção necessária para ir buscar nomes - como o de Fennesz, Animal Collective, Squarepusher, DJ Shadow ou Mouse On Mars - apetecíveis para um público mais elitista, que gosta de música electrónica mas não iria normalmente ao Festival do Meco, que exclui o hip hop de Brother Ali, Dilated Peoples, Madlib, The Roots ou Eyedea & Abilities (só para referir nomes que andam em digressão), que não aposta em nomes consagrados, capazes de garantir excelentes receitas de bilheteira e imediato retorno de uma parte do investimento, como os Air, Bjork, Underworld, Chemical Brothers ou Beastie Boys, que não aproveita a boa recepção que os discos recentes de Luomo, Luciano ou Superpitcher tiveram na crítica portuguesa, que não faz a ponte para o passado trazendo, por exemplo, o histórico Roy Ayers que o Cool Jazz Fest vai trazer, que não tem um palco de portugueses apelativo com Melo D, Bulllet, Sam The Kid ou Spaceboys, um cartaz que ignora todos estes atributos nunca poderá ser o melhor de coisa nenhuma.
Sei que trazer todos os nomes referidos é inviável. Sei que a maior parte do público consumidor de música e de festivais em Portugal, é pouco esclarecido, nada curioso, não se importa de ver todos os anos as mesmas caras e vai mais pelo ambiente do que pela música. Também nunca organizei nenhum festival e não faço ideia das dificuldades logísticas que isso trará. Mas teoricamente há uma solução de compromisso entre nomes capazes de congregar muito público e nomes desconhecidos, que podem originar novos cultos. O Meco é um festival reconhecido pelo 'grande público', com patrocinadores fortes e uma máquina promocional estabelecida no mercado. Creio que não faltam meio$ para investir noutro tipo de cartaz - com lucro igualmente garantido - capaz de fugir às modas mais fugazes, mas sem prejuízo de acompanhar com atenção o que de mais importante se vai produzindo na música electrónica, ao mesmo tempo que se abre a porta a outros géneros - e públicos - como o hip hop ou o rock de cariz mais dançável.
Máximo respeito pelos Jazzanova e pelo Matthew Herbert, mas não me parece que a aposta recorrente em nomes que ainda no ano passado foram cabeças de cartaz no CBT (como a Peaches e o próprio Herbert), em grupos de um só êxito como os Moloko e em brasileiros de segunda categoria, seja uma boa estratégia. Além disso, tenho sérias dúvidas se esta será a solução financeiramente mais favorável para os promotores do festival.
A forte curiosidade que tenho em ver os Scratch Perverts e a expectativa de ouvir uma ou outra surpresa que normalmente há num festival deste tipo (à partida, Âme será um nome a acompanhar com atenção), não justificam uma viagem tão longa. A ideia que o Meco se ia transformar progressivamente num Festival de Benicassim ou num Sonar à escala portuguesa está cada vez mais longe de se realizar. Perante a evidente falta de vontade em arriscar num cartaz inovador, importa mais, nesta altura, arranjar alternativas do que encontrar culpados.