sábado, junho 05, 2004

Entrevista com Sole

(...)
-Já que estamos a falar genericamente sobre hip hop, que diagnóstico faz do estado actual do hip hop?

-Ah… É bom. Quero dizer, esteticamente, enquanto artista, gosto de ouvir Jay-Z e Eminem. Acho que eles fazem bons temas. No que diz respeito à forma, à maneira como constroem os temas, acho que é muito interessante. Até algumas coisas de DMX. Gosto de jiggy rap, tem um bom som. Tem energia, é simples, dramático, as partes vocais são claras. Eu gostava que as minhas partes vocais fossem tão claras como as do Eminem ou do Jay-Z. Esforço-me por fazer música tão clara e concisa como essa. Mas é difícil fazer música assim… A não ser que se esteja a falar de carros… Mas… Acho que o hip hop hoje em dia, na sua maioria, é fraco. É vazio, está diluído, convoluto e invertido sobre si próprio. O que em tempos foi underground é agora mainstream, o underground de hoje é financiado por grandes editoras e as pessoas que são verdadeiramente independentes, as que estão a fazer realmente boa música, permanecem fechadas nos seus quartos, ninguém as vai ouvir e ninguém vai editar o seu trabalho, nem comprar a sua música. É impossível surgir outra Anticon. A Anticon é a Anticon porque nós começámos no momento certo. Qualquer pessoa que tente fazer o que nós fizemos não o vai conseguir porque a indústria está completamente fechada. A não ser que tenha dezenas de milhares de dólares, é impossível.
(...)