terça-feira, junho 08, 2004

Busdriver . Cosmic Cleavage



“I don’t love hip hop.
I don’t even like it.
Let me break it down into its smallest form
For everyone in your college dorm.
I don’t love it
I don’t dedicate hours every day
To writing sappy poetry in its name.
Okay, maybe I do.”
em “Rap Sucks”


Busdriver é uma das figuras de proa da cena underground de Los Angeles, com epicentro no Goodlife Café, de onde surgiram nomes como o dos Jurassic 5, Freestyle Fellowship ou The Pharcyde e tem um longo currículo de colaborações, do qual constam participações em discos de Aceyalone, Abstract Rude, Daddy Kev, Omid, Paris Zax ou Daedelus.
Em 2002 editou 'Temporary Forever', álbum que rapidamente se converteu num sucesso e foi considerado como disco do ano por vários produtores e publicações ligadas ao hip hop underground californiano.
Mais uma vez, Busdriver surge com um discurso nonsense irónico (snapping on students who think they own the music because their jeans are too big), crítico e socialmente interventivo, suportado pelo génio inventivo de Daddy Kev na produção e por D-Styles (membro dos Invizbl Skratch Piklz e dos Beat Junkies) nos turntables.
Originalmente concebido como a banda sonora para um filme que nunca chegou a existir, 'Cosmic Cleavage' tem o atractivo de conter uma excepcional selecção de samples de jazz/bebop, conjugados de forma insuspeita e imaginativa, numa construção que se afasta das bases musicais dos cLOUDDEAD mas que não anda muito longe do temperamento peculiar destes últimos. Ocasionalmente entusiasmante (ouça-se 'Kev's Blistering Computer Tan And Driver's', 'Nagging Nimbus' ou a improvável mistura entre os Art Ensemble Of Chicago e os Velvet Underground contida em 'Staring At The Sun) e inclassificável na sua heterogeneidade, fica a sensação que algumas boas ideias poderiam ser mais desenvolvidas e que, paradoxalmente apesar da curta duração, é um disco que corre o risco de se tornar rapidamente cansativo. Ideia reforçada pela voz monocórdica e de fôlego limitado de Busdriver. Apesar disso, vale a pena a escuta.