Deerhoof . Milk Man



Factos.
Originários de San Francisco, os Deerhoof formaram-se em 1994 e fazem uma música que balança entre o avant-pop e o art-rock; a cacofonia e a melodia; a abstracção e a organização; o noise, a dissonância, a suavidade açucarada e a experimentação. Depois de algumas entradas e saídas, os Deerhoof ficaram sem um dos seus dois elementos fundadores - o guitarrista Rob Fisk - e são actualmente compostos por uma vocalista/baixista (pormenor importante pelo sotaque) japonesa, dois guitarristas e um baterista/teclista - Greg Saunier, o outro fundador. 'Milk Man' é o seu sexto álbum de originais.

O disco.
'Milk Man' oscila entre o razoável, o irritante, o mau, o péssimo e o insuportável. A saber: boas ideias que se esgotam antes de começarem e que consequentemente deixam de ser boas ideias; músicas que se desenvolvem para um beco sem saída e terminam em fade-outs repentinos; brincadeiras electrónicas insipientes conjugadas com uma voz de lolita particularmente aguda e incomodativa ('C' chega a dar vontade de cobrir o disco com uma dose reforçada de alcatrão e penas); uma auto-indulgência supostamente arty que não raras vezes apela a alguns sentimentos menos piedosos; momentos instrumentais confrangedores que roçam a indigência e resultam na imagem recorrente de estar a ouvir o disco a bordo de um automóvel com um péssimo leitor de cd's, conduzido por um motorista inconsciente, a circular numa estrada esburacada que não leva a lado nenhum. Esgotada a paciência, tudo serve - martelo, berbequim, lança chamas - para acabar de vez com este tormento.
No entanto, nem todo o disco é mau. Os três primeiros temas mostram aquilo que os Deerhoof poderiam ser, se não fossem pavorosos: um subproduto inofensivo, algures entre o pior dos Sebadoh e o melhor das Cibo Matto. i.e. rock nas suas diversas vertentes, algo básico mas audível.
O pior vem depois. Após o terceiro tema, o medonho massacre dura pouco mais de vinte minutos, termina sem aviso mas mói. Exausto, vou ouvir os Captain Beefheart para desenjoar.

Outra perspectiva: http://www.adequacy.net/reviews/d/deerhoof.shtml