Liars . They Were Wrong, So We Drowned
Sobre o último disco, escreve Miguel Francisco Cadete na edição mais recente do Y: Para trás não ficou nada. É uma batida tribal, um grito primal ou uma guitarra dissonante que estão ali para destruir qualquer edifício reconhecível. E começar tudo de novo. Em "There Wrong,..." não existem canções, cada tema caminha de espasmo em espasmo, obrigatoriamente rumo ao abismo final da impossibilidade de prosseguir. A circularidade minimal da secção rítmica só impõe o fim quando a impossibilidade de continuar se tornou uma realidade óbvia. Canções, nem vê-las.
É exactamente por estas razões - que como se lê no resto do texto, são factores mais do que suficientes para MFC desvalorizar o disco - que eu gosto de "They Were Wrong, So We Drowned". Aliás, atrevo-me mesmo a afirmar - com o perigo do rídiculo que afirmações peremptórias deste tipo carregam - que os Liars irão ser um dos grupos rock mais citados e reverenciados daqui a 20 ou 30 anos. Afastando-se do simples funk + punk + new-wave onde se pareciam movimentar, esticando os limites do noise e dos ritmos tribais e/ou dançáveis até à auto-implosão, consumindo os fundamentos da sua música até deixar um monte fumegante de destroços irreconhecíveis, os Liars irão ter - se é que já não têm - um papel essencial, semelhante ao de bandas seminais como os Velvet Underground, os Sonic Youth, os The Fall ou os Gang Of Four, na definição de novos caminhos. Venha o terceiro disco e a galeria dos imortais será deles. Para já, salvo algumas excepções, a crítica parece não ter gostado.
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