Deadbeat . Something Borrowed, Something Blue
Ontem, pela primeira vez em meses, saí do trabalho ainda de dia, estava calor e, no ar, respirava-se um adociado e peculiar cheiro, que a minha narigueta citadina presumiu provir das pequenas, e ainda raras, flores que despontam das árvores do parque de estacionamento...
Acabaram de ler o primeiro momento confessional deste blog. : )
Isto a propósito de serem poucas as coisas (legais...) que me deixam num estado de letargia progressiva e descontracção absoluta (...e ilegais, também). Uma delas é o calor do final de uma tarde de Verão antecipado. A outra é a música de Deadbeat.
Algo como ecos profundos (existirá alguma coisa parecida com 'eco superficial'?) que parecem fazer ping-pong num ponto remoto dos nossos sentidos, batidas estendidas até ao limite formando gradualmente complexos ritmos que sustentam linhas de baixo cheias de reverb e a textura rugosa da electricidade estática. Tudo parece convergir para uma celebração hipnótica do *inspira* dub numa pista de dança glitch *expira*. 'Something Borrowed...' respira Kinsgton e Berlim; transpira sensualidade e volúpia; inspira alvoroços enfraquecidos e inquietações tranquilas; tem um pé na fina areia da praia onde o mar enrola e outro na superfície gelada de uma tundra habitada apenas por focas. 'Something Borrowed...' flui, calma e lentamente, do cérebro para os membros locomotores. E uma vez lá chegado faz o caminho inverso, sem nunca deixar de nos estar no sangue. De volta ao local do crime.
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