segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Telefon Tel Aviv e Trans Am


Telefon Tel Aviv 'Map Of What Is Effortless'

'Map Of What Is Effortless' não consegue superar a minha habitual desconfiança - ou preconceito - contra a pop suportada por instrumentos electrónicos a 'imitar' instrumentos clássicos. Pouco me importa que o disco tenha sido efectivamente gravado com a Orquestra de Câmara da Universidade de Loyola (belo nome, pessoal!). Os instrumentos soam sintéticos, ponto final. E melhor seria que os Telefon Tel Aviv desenvolvessem as premissas do seu excelente primeiro álbum - como fazem nos temas instrumentais do novo disco - do que investirem num r'n'b que fica a milhas das matrizes originais. De um projecto de 'música electrónica instrumental' espero música electrónica, de preferência bem feita e caladinha. Não é cá porcarias de r'n'b (com vocalistas ranhosos) que não chega a ser r'n'b (por causa dos vocalistas serem ranhosos) e que pensa que 'música lenta' e 'violinos' são sinónimos de 'música bela' e 'comovente'. Sem saber nem inspiração não se chega lá.


Trans Am 'Liberation'

'Liberation' dos Trans Am é um caso completamente diferente. Aliás, os Trans Am são, desde há muito tempo, um caso à parte. Muito espalhafatosos para quem tem vergonha de se divertir e sempre esperou que deste lado viesse a regeneração do rock. Demasiado intelectuais e profundos para quem tem a perspectiva recreativa da música como piada para ouvir ao sábado à noite e esquecer no dia seguinte (Olá, Peaches!). 'Liberation' oferece em doses reforçadas tudo aquilo que me fez gostar dos Trans Am: vozes robotizadas, sintetizadores em fogo, guitarras azeiteiras, baixos desavergonhados, calça branca e pé descalço. Quem adorou o 'TA' vai dançar ainda mais com este. Quem não gostou pode passar ao seguinte. Eu por cá vou ouvi-lo outra vez. E outra! E outra! E mais outra! Estou viciado nisto.